Um dia, quem sabe.
Um dia, quando o mal e o mau se afastarem, muitos poderão dizer: eu não fiz nada, absolutamente nada para que a bonança retornasse, não reivindiquei nada, não protestei diante dos absurdos, não permiti que um único som de indignação escapasse de minha boca, me acovardei, me apequenei, me escondi. Ouvi palavras tenebrosas e, por medo, fingi não ouvi-las. Vi milhares de pessoas morrendo diante do meu nariz. E vi seus familiares sendo obrigados a receber as mais ardidas demonstrações de desprezo e escárnio. E, ainda assim, fingi-me de cego. E quando tudo voltar à normalidade, muitos poderão dizer: Este sou eu. Cego, surdo e mudo. Mas um bom pai, boa mãe, bom filho, bom neto e bom amigo. Sou tudo isso. E me orgulho de ser assim.
1/03/2021

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